FILOSOFIA A 26 - A patrística

A Patrística teve origem por volta do século IV e teve destaque até o século VIII. Nesse período, o cristianismo estava vivendo sua grande expansão e precisava de argumentos racionais para justificar suas verdades e sua doutrina. Por isso os padres da época procuraram produzir argumentos que explicavam a relação entre fé e razão, a natureza do divino, a importância da moral na vida humana e, neste conjunto, davam grande importância à alma humana. 
Ao longo desta aula você vai entender o que é filosofia Patrística, quais suas principais ideias vai conhecer Santo Agostinho, principal filósofo da Patrística. O que é Patrística Patrística é uma corrente filosófica cristã constituída pelos padres da Igreja Católica durante o período de transição entre a Antiguidade e a Idade Medieval. O significado de Patrística vem da palavra “padre”. Portanto, a Patrística é a filosofia dos “Santos Padres”. Bolsas do Prouni: veja como conseguir a sua gapixel Naquela época, o cristianismo ainda não era uma religião consolidada. Os cristãos ainda sofriam algumas perseguições e havia muita confusão sobre quais princípios os cristãos deveriam seguir. Sem dogmas definidos, seria difícil para a religião se expandir e conquistar novos adeptos. Assim, a Patrística nasceu da necessidade dos padres dos primeiros séculos de catolicismo de tentar formular uma visão racional dos princípios religiosos e das verdades de fé. Suas ideias eram uma resposta às visões contrárias a fé cristã, as quais eles chamavam de heresias. A Patrística inspirou-se na filosofia grega, afirmando ser a expressão terminada da verdade, não obtida pelos filósofos gregos que a buscavam. Isto é, para os padres da Patrística, a verdade não tinha sido atingida pelos gregos porque Deus não havia ainda se revelado. Características da Patrística Teve origem no período entre a Antiguidade e a Idade Média e por isso é considerada a primeira fase da filosofia medieval. Foi criada pelos primeiros cristãos, Pais Apostólicos da Igreja ou Santos Padres. Tinha o objetivo de defender a fé cristã contra os pagãos e hereges e de expandir o cristianismo pela Europa. Tem como base a filosofia grega. Consistiu na elaboração da doutrina cristã e suas verdades de fé, como liturgia, disciplina, costumes, tradição e Bíblia. Santo Agostinho e a Patrística Santo Agostinho é o principal representantes da Patrística e foi um dos filósofos mais significativos da filosofia cristã. Ele nasceu em 354 em Tagaste, norte da África, vindo mais tarde viria a ser conhecido como Santo Agostinho. Ainda com 16 anos, Agostinho foi estudar em Cartago. Mais tarde, visitou Roma e Milão e passou os últimos anos da sua vida como bispo de Hipona, região próxima a Cartago. AAAAAAAPintura representando Santo Agostinho, por Philippe de Champaigne. Mas, Agostinho não foi sempre cristão. Sua vida pode ser dividida em dois momentos: antes e depois de sua conversão ao cristianismo. Ele conheceu muitas correntes filosóficas e religiosas antes de se converter ao cristianismo. Durante algum tempo, ele foi adepto da filosofia estoica. Os estoicos negavam uma separação clara entre o bem e o mal. Mas acima de tudo, Santo Agostinho foi influenciado por outra corrente filosófica importante da Antiguidade tardia: o neoplatonismo, que defendia que tudo o que existia era de natureza divina. O problema do mal e o neoplatonismo O jovem Agostinho ocupava-se principalmente com aquilo a que costumamos chamar “o problema do mal”. Ele defendia que, embora tenha criado tudo o que existe, Deus não criou o mal porque o mal não é algo, mas a falta ou a deficiência de algo. Por exemplo: o mal padecido por um homem cego é a ausência de visão, o mal em um ladrão é a falta de honestidade, etc. Agostinho tomou emprestado esse modo de pensar de Platão e seus seguidores. Mas ele ainda precisava explicar por que Deus teria criado o mundo de maneira a permitir que existissem tais males ou deficiências naturais e morais. Sua resposta girou em torno da ideia de que os humanos são seres racionais. Ele argumentou que, para que Deus criasse criaturas racionais, como os seres humanos, por exemplo, tinha de lhes dar o livre-arbítrio. Ter livre-arbítrio significa ser capaz de escolher – inclusive, escolher entre o bem e o mal. Por essa razão, Deus teve de deixar aberta a possibilidade de que o primeiro homem, Adão, escolhesse o mal em vez do bem. Medicina: veja as notas de corte gapixel Agostinho explica que Deus criou o mundo do nada, e isso é uma ideia bíblica. Os gregos inclinavam-se mais para a ideia de que o mundo existira sempre. Mas, segundo Agostinho, antes de Deus ter criado o mundo, as “ideias” existiam no pensamento de Deus. Desse modo, ele adaptou a concepção de “mundo das ideias” formulada por Platão. O livre-arbítrio e a salvação De acordo com o principal filósofo da Patrística, toda a geração humana foi condenada após o pecado original. Apesar disso, Deus decidiu que alguns homens deviam ser poupados da condenação eterna. É que, para Agostinho, nenhum homem é digno da salvação de Deus. No entanto, Deus escolheu alguns que devem ser salvos da condenação. Para ele, não é um segredo quem deve ser salvo e quem deve ser condenado. Isso está determinado previamente. Logo, nós somos barro nas mãos de Deus. Estamos completamente dependentes da sua graça. De acordo com o seu ponto de vista, nós devemos viver de modo a podermos saber que pertencemos ao número dos eleitos. Não nega que tenhamos livre-arbítrio, mas afirma que Deus já “previu” como é que vamos viver. Teoria da Iluminação Divina Agostinho também elaborou a Teoria da Iluminação Divina, por meio da qual afirmava que todo conhecimento verdadeiro é o resultado de uma iluminação proveniente de Deus. Para ele, existem dois tipos de conhecimentos: o sensível e o divino. O conhecimento sensível se dá pelos sentidos ou raciocínio indutivo, e é acessível a qualquer ser humano. Por exemplo: percepção das cores, tato, olfato, sons, paladar, etc. Por outro lado, as verdades eternas pertencem a um plano imaterial e só podem ser obtidas através da iluminação de Deus. De acordo com essa teoria, Deus é o detentor das verdades absolutas. Videoaula sobre Santo Agostinho Veja com o professor Alan, do canal Curso Enem Gratuito, a essência do pensamento da Patrística: SANTO AGOSTINHO E A PATRÍSTICA | Resumo de Filosofia para o Enem A Patrística e a Escolástica A outra corrente do pensamento cristão que buscou estabelecer um diálogo entre a fé e a razão ocorreu através das obras de Santo Tomás de Aquino, filósofo da Escolástica. Em vertente oposta à de Santo Agostinho, o pensamento tomasiano busca comprovar a existência de Deus através das evidências da própria natureza.