É fundamental adotar um olhar crítico em relação aos meios de comunicação que usamos diariamente, muitas vezes sem refletir sobre seus mecanismos de funcionamento.
Indústria Cultural
O termo indústria cultural surgiu no livro Dialética do Esclarecimento, de Theodor Adorno e Max Horkheimer, importantes integrantes da Escola de Frankfurt, um instituto de pesquisa alemão. Com a ascensão de Hitler, Adorno e Horkheimer foram forçados a deixar a Alemanha. Refugiados nos Estados Unidos, eles se depararam com uma sociedade capitalista em que tudo, inclusive a cultura, era mensurado pelo valor econômico.
Para os autores, a indústria cultural representa a produção racional de bens culturais nos mais diversos setores artísticos, organizada para gerar lucro, enquanto os meios de comunicação determinam o consumo massivo desses produtos. Isso ocorre porque a economia e a mídia estão concentradas nas mãos de poucos, cujos interesses refletem a perspectiva de uma determinada classe social. Influenciados pelas teorias de Marx, Adorno e Horkheimer chamaram atenção para a contradição aparente: os bens culturais, pertencentes à superestrutura, são produzidos seguindo a lógica econômica da base material da sociedade.
Alienação e Manipulação
Segundo os pensadores da Escola de Frankfurt, a indústria cultural não oferece arte de qualidade ou informação imparcial; seu objetivo é difundir ideologias que servem a interesses poderosos. Ela atua na manipulação da consciência e da inconsciência das pessoas, fazendo com que trabalhadores sejam controlados ideologicamente não apenas no trabalho, mas também durante o lazer.
Para manter a venda de produtos culturais, a indústria precisa criar a ilusão de novidade, embora ofereça, na prática, repetições de fórmulas já conhecidas. Filmes, músicas, programas e artistas são apresentados como únicos, reforçando a ideologia dominante e escondendo a padronização da produção cultural. A criação de ídolos e celebridades é uma estratégia para sustentar essa lógica.
Esse processo impede a formação de indivíduos autônomos e críticos, prejudicando a capacidade de julgamento consciente, essencial para o funcionamento de uma sociedade verdadeiramente democrática. Ao submeter a arte às regras do mercado, a indústria cultural degrada seu valor. Adorno, por exemplo, criticou o jazz nos anos 1940, considerando-o uma moda com fórmulas musicais simplistas, usadas para publicidade, sem exigir atenção real do público. Hoje, reconhecemos o jazz como uma forma de arte significativa, mas a crítica de Adorno evidencia sua preocupação com a massificação cultural.
O filme O Show de Truman ilustra de forma simbólica esse conceito: a vida de Truman é filmada e transmitida 24 horas por dia, sem que ele perceba, exemplificando como a indústria cultural pode controlar e moldar a experiência humana.