Desde o momento em que nasce, o indivíduo já faz parte de um grupo social: a família. Esta é a primeira instituição socializadora, responsável por transmitir os padrões seguidos socialmente e, por isso, pode ser entendida como a primeira agência de controle social, moldando, orientando e controlando o comportamento de seus membros. Ao longo da vida, por meio das experiências cotidianas, a pessoa vai assimilando a cultura transmitida por uma variedade de grupos e instituições sociais, aprendendo a se alimentar, a se vestir, a se portar, a se relacionar, além de desenvolver gostos, preferências, sentimentos e ideais que estão profundamente ligados aos valores e padrões transmitidos socialmente, muitas vezes sem que ela perceba.
O controle social é justamente o conjunto de formas pelas quais a sociedade inculca valores e crenças na mente de seus membros, com o objetivo de evitar comportamentos divergentes. Trata-se de um processo pelo qual hábitos e costumes, transmitidos de geração em geração, influenciam o comportamento dos indivíduos, garantindo a continuidade dos padrões aceitos em determinada época. Esses padrões, no entanto, estão sujeitos a mudanças, já que o que antes era considerado inaceitável pode se tornar comum em outro contexto histórico. Um exemplo claro disso é a transformação do papel da mulher: em épocas passadas, o trabalho fora do lar não era socialmente aceito; hoje, entretanto, essa prática é amplamente estimulada como forma de contribuir para a renda familiar.
As formas de controle social desempenham funções importantes, como o ordenamento da vida em sociedade, a busca por eficiência e a proteção social. Para que a vida em grupo seja possível, é necessário que haja normas e padrões que organizem a convivência, especialmente em sociedades complexas, onde instituições como o Estado e o ordenamento jurídico têm como objetivo manter a organização econômica e social, garantindo certa estabilidade. Esse conjunto de regras e padrões muitas vezes é seguido de maneira quase automática: expressões como “sempre foi assim” ilustram como muitas práticas cotidianas, ainda que raramente percebidas como formas de controle, fazem parte de um sistema maior que organiza a vida social.
O controle social pode ser classificado de diferentes maneiras. Há o controle formal, exercido por meio de leis e normas institucionalizadas, como a aplicação de uma multa ao se desrespeitar um sinal de trânsito; e o controle informal, exercido por instituições não legalmente regulamentadas, mas que desempenham papel fundamental na socialização, como a escola, a igreja e a mídia. Também é possível falar em controle interno, que corresponde ao autocontrole desenvolvido a partir da interiorização de regras sociais, e controle externo, caracterizado pela imposição de limites através de instituições de coerção, como a polícia.
Essas formas de controle servem para manter o modelo social instituído, mas, como resultado de sua natureza cultural, estão sujeitas a transformações ao longo do tempo e de acordo com o contexto. As instituições sociais podem, portanto, ser entendidas como conjuntos de regras e comportamentos padronizados, reconhecidos e aceitos socialmente. Elas se manifestam como modos de pensar, agir e sentir que são inculcados nos indivíduos desde o nascimento, modificando-se em diferentes épocas, mas mantendo funções essenciais ligadas à organização da vida coletiva.
A família é considerada a primeira instituição de socialização. Embora tenha se transformado ao longo do tempo, continua exercendo funções fundamentais, como a sexual, a reprodutiva, a econômica e a educacional. Se, no passado, predominava o modelo familiar tradicional, hoje é comum encontrarmos famílias chefiadas por mulheres, famílias monoparentais ou mesmo compostas por casais homossexuais, evidenciando as mudanças sociais. Ainda assim, algumas funções e valores familiares permanecem constantes.
Outras instituições também desempenham papel central. A religião, por exemplo, está presente em todas as épocas e sociedades, vinculada a crenças e práticas que dizem respeito ao sagrado e ao sobrenatural. Apesar das transformações provocadas pelo avanço da ciência e pela industrialização, que alteraram a visão de mundo das pessoas, as religiões continuam exercendo forte influência social. Muitas delas passaram a conciliar seus preceitos com os conhecimentos científicos e, em tempos recentes, têm dado maior ênfase a aspectos éticos e sociais. O Cristianismo, por exemplo, pode ser entendido como forma de controle social, uma vez que, por meio de mecanismos como o medo e a culpa, orienta e regula comportamentos individuais de acordo com expectativas coletivas.
O Estado, por sua vez, representa a forma mais evidente de controle social. Para o filósofo francês Michel Foucault, ele é a instituição que detém o monopólio legítimo da violência, ou seja, a capacidade de, em última instância, utilizar a força física para impor regras e normas. A cobrança de impostos é um exemplo de como o Estado exerce esse poder coercitivo sobre empresas e cidadãos, apropriando-se de recursos para financiar serviços como saúde, educação e infraestrutura. Esse poder é considerado legítimo justamente porque deriva das leis; qualquer outro uso da força, por parte de grupos criminosos ou revolucionários, é entendido como violência ilegítima.
Dessa forma, instituições como a família, a religião, a escola, a economia, a política e o Estado cumprem funções essenciais na socialização, no controle e na organização da vida coletiva. Elas se inter-relacionam de maneira dinâmica, de modo que transformações em uma delas repercutem sobre as demais. São, portanto, os pilares que sustentam a vida em sociedade e garantem a sua continuidade, ainda que constantemente em transformação.