O conceito de controle social é central na Sociologia. Ao vivermos em sociedade, estamos constantemente sujeitos a mecanismos que orientam e regulam nosso comportamento. Segundo Émile Durkheim, a formação do indivíduo como ser social ocorre, em grande parte, por meio da educação, que transmite normas e princípios — morais, religiosos, éticos ou comportamentais — que norteiam a atuação de cada pessoa dentro do grupo. Ou seja, o ser humano não é apenas criador da sociedade, mas também produto dela.
O controle social, enquanto conceito sociológico, surge com a própria consolidação da Sociologia como ciência. Ele consiste em mecanismos utilizados por uma sociedade ou grupo para garantir que os indivíduos atuem conforme padrões considerados desejáveis, mantendo a ordem social. Esses mecanismos podem ser materiais ou simbólicos e atuam sobre pensamentos, valores, crenças e comportamentos, buscando a conformidade do indivíduo.
Além disso, o controle social serve como forma de adaptação às mudanças do meio social, incentivando que os indivíduos se ajustem às novas circunstâncias, sejam elas positivas ou negativas. Ele se manifesta de duas formas principais: formal e informal. O controle formal inclui leis e normas institucionalizadas, enquanto o controle informal se refere a regras sociais compartilhadas, como costumes, valores e crenças.
O filósofo Norberto Bobbio também propôs a distinção entre controle social externo e interno. O controle externo consiste em intervenções diretas na sociedade, punindo ou reprimindo comportamentos que fogem ao padrão estabelecido, restaurando a ordem por meio de sanções ou penalidades. Exemplos incluem leis, multas e o trabalho da polícia, que possui autoridade legal e, quando necessário, utiliza força para garantir que as normas sejam cumpridas. Outras formas de controle externo surgem de maneiras mais sutis, como exclusão social ou pressões relacionadas a aparência, comportamento ou gostos pessoais.
Já o controle interno refere-se às normas incorporadas à consciência dos indivíduos, que passam a guiar suas ações de acordo com valores e regras do grupo ou sociedade. Esse tipo de controle se desenvolve principalmente por meio da socialização, iniciada na infância, com a família e a escola, fazendo com que o próprio indivíduo regule seu comportamento com base no que considera certo ou errado, aceitável ou inaceitável.
O filósofo francês Michel Foucault analisou o controle social sob a perspectiva das instituições disciplinadoras. Segundo ele, a formação de indivíduos dóceis, úteis e submissos ocorre por meio de instituições como escolas e quartéis, que moldam comportamentos conforme as exigências da sociedade. O controle social se manifesta tanto por repressão quanto por influência simbólica, como placas de trânsito ou templos religiosos estrategicamente localizados, reforçando a autoridade e o poder social.
O controle social possui uma dupla função. Por um lado, é necessário para possibilitar a convivência em sociedade; por outro, pode ser instrumento de manutenção do status quo. Thomas Hobbes afirmava que os seres humanos, em sua essência, tendem ao egoísmo e à maldade, sendo o controle social indispensável para evitar crises e garantir harmonia.