Acordei, tomei breakfast. Caminhei pelas redondezas de manhã pra tomar um sol. Almocei no Hortons, e organizei a mochila durante a tarde. Eu deveria levar bastante coisa mas não podia ficar muito pesado pra eu poder andar bastante por New York. Eu comentei sobre a minha viagem para os Estados Unidos com a Hostmom. Ela riu, disse que era impossível fazer aquilo, ir de ônibus para New York. Ela falou que tinha ido uma vez, mas foi de avião. Quando ela me disse que era impossível eu tinha certeza de que era isso que eu faria. Meus alunos no Brasil ainda me incentivaram a ir.
À tarde eu coloquei uma roupa para sair, fui pro centro da cidade, pra rodoviária de Toronto e fui pra fila do meu ônibus, que sairia por volta das 7 PM.
O ônibus da Megabus tinha dois andares. Eu comprei passagem com assento marcado, no andar de cima, bem na frente. Acho que paguei uns cinco dólares a mais.
Escureceu bem rápido. Acendi a luzinha do ônibus tirei uma foto da minha cara mas saiu muito escura. Antes da fronteira a estrada (Queen Elizabeth Way) passava por Mississauga, Oakville, Burlington, Hamilton e St. Catharines.
Umas três horas de viagem depois de Toronto nós chegamos na fronteira. Descemos todos do ônibus e fizemos fila indiana do lado da esteira de checagem de bagagens. Eu nunca tinha visto tantos turcos na minha vida. Hoje eu sei que eram turcos, mas lembro que quando via eles eu achava que eram indianos. De turbante.
Abrimos as malas, mostramos o interior para os seguranças, passamos por detectores de metal. Uma senhora muito simpática vestida de policial me fez algumas perguntas em um guichê simples de atendimento. Ela me perguntou o que eu ia fazer nos Estados Unidos, eu disse que ia para New York para ver a Liberty Statue, o Central Park e a Times Square. Resposta padrão, a mesma que eu dei para tirar o visto americano. Ela me perguntou onde eu ia passar a noite. Eu expliquei pra ela que ia dormir no ônibus de ida e na noite seguinte ia dormir no ônibus de volta. Ia passar um dia inteiro em New York. Ela demorou a entender. A agente de fronteira olhava para os lados, chamava os colegas, conversava. O clima estava tenso. Eu fiquei com medo de não poder atravessar a fronteira, era meia noite e eu estava há três horas de Toronto com 50 dólares americanos no bolso! Aí do nada ela aceitou, carimbou meu visto pra seis meses, me cobrou seis dólares e disse que eu estava liberado. Que alívio.
Aliás, alívio que nada, que história é essa de seis meses? Uma pena que eu não me preparei pra isso, me deram mais tempo pra ficar nos Estados Unidos do que no Canadá? Jura?
Espera: seis dólares pra entrar? Tá mais barato que o jogo do curíntia!
Mais um tempinho adicional de viagem e aparecem as primeiras bandeiras americanas. Chegamos no centro de Buffalo.
Erie County Hall, o edifício sede do condado de Erie, nomeado por ser às margens do Lago Erie.
Teve uns prédios que eu vi à distância que eram muito grandes e largos, as janelas viram minúsculos pontinhos. Percebe-se uma grande diferença entre Estados Unidos e Canadá somente pela arquitetura.
Ainda faltava cruzar todo o estado de New York até chegar em NY City. Isso ia levar a noite toda, mas ia constar no meu currículo. "Um dia eu cruzei o estado de New York inteiro, de ônibus"... A divisa com o Canadá era entre os condados de Niagara e Erie. O objetivo era chegar em Manhattan e na Long Island, bem ao sul.
No ônibus um indiano começou a roncar muito alto, no início estava engraçado. Depois de algumas horas as pessoas se olhavam visivelmente irritadas. Alguns até chamavam pra que ele acordasse e parasse de roncar. O motor do ônibus era audível, mas não tanto que nem o ronco daquele cara.
Próxima parada foi em Rochester, sede do condado de Monroe. Descemos do ônibus e fomos para um paradouro com banheiros e lanches para comprar. O café não podia faltar.
Próxima parada em Port Byron, uma vila no condado de Cayuga. Era o paradouro Port Byron Travel Plaza na 1073 NY Thruway.
Tinha um Mc Donald's. Comprei batata frita e um café pra ver se eu morria de azia.
Depois disso ainda paramos em Ithaca, no condado de Thompkins. Tomei mais um cafezinho. E a viagem seguiu madrugada adentro.
Fiz amizade com um moço brasileiro que estava sentado na minha frente. Ele fazia vídeos no iPhone, vou colocar o link para o vídeo que ele fez sobre a nossa viagem para New York.