Diário de intercâmbio DAY 6 (March 9th; Friday)

O ônibus saiu muito cedo de uma estação na linha amarela, ao norte de Toronto. York Mills. Demoramos para achar o pessoal, eles estavam na verdade em um posto de combustível mais adiante.

O ônibus partiu e aos poucos o caminho foi ficando cada vez mais nevado. Eu não só estava do outro lado do mundo, como também estava indo mais longe ainda. Havia muitas fazendas em ambos os lados da estrada. Muitos estábulos, muitos campos. Muitas máquinas de campo em galpões.



A uns 150km de Toronto paramos em Colborne, sede do condado de Northumberland. Era um lugar chamado Big Apple, um paradouro onde os motoristas usavam o banheiro, tomavam café e compravam souvenirs! 






Tirei algumas fotos com meu amigo Mr. Peanut, que tinha uma história bem interessante.


Em 1926 alguns agricultores fizeram um concurso para escolher a marca para divulgação de seus produtos e um menino de 14 anos desenhou uma pessoa amendoim, que depois foi melhorado. Até hoje é considerado uma herança histórica daquela época e essa estátua é a única do seu tipo. 

Ver essa placa com as distâncias entre as principais cidades do mundo faz a gente cair na real. Estávamos mais perto de muita coisa que parecia do outro lado do mundo do que do Brasil. O Rio de Janeiro estava a mais de oito mil km de nós. A Índia estava a 11 mil...Tudo na Europa estavam mais perto! O Polo Norte estava a 5 mil km...

Andamos um pouco na neve e tinha aviso para circulação de animais, alces, ursos e veados. Senti falta de uma placa pros dinossauros, imagina se algum motorista atropelasse um.




A galera dormiu no bus, eu fiquei olhando, tipo um cachorro na janela com a língua de fora

OTTAWA


Em Ottawa tinha muita neve mas o sol estava quente. Não deu pra fazer uma cara melhor na foto. A neve estava parcialmente derretida. Terrível. Estava calor, não tinha como usar o cachecol. Todas as minhas fotos ficaram horríveis! A temperatura tinha subido muito rápido de -7°C pra zero. Já era o suficiente para suar.


Este lugar em específico é chamado de Colonel By Valley, no Canal Rideau. O canal no inverno é utilizado para fluxo de pessoas de patins (inclusive indo para o trabalho ou escola) e no verão ele é navegável. Isso tudo fica verde. 

O canal foi planejado após a guerra de 1812 e foi construído entre 1826 e 1832 por motivos militares mas sempre foi muito utilizado para lazer e para o comércio. É considerado patrimônio da Unesco. 
O Fairmont Chateau Laurier também é conhecido como Ottawa's Castle e é um hotel com 426 quartos, 33 suítes de luxo. É localizado ao lado do prédio sede do governo canadense. Fica bem no cruzamento da Rideau Street com a Sussex Drive, também conhecida como Ottawa Regional Road 93. Foi construído entre 1909 e 1912 e tem seu nome em homenagem ao primeiro ministro Sir WIlfrid Laurier, que estampa as notas de cinco dólares canadenses. O presidente da Grand Trunk Railway, Charles Hays comissionou o projeto de 2 milhões de dólares, mas morreu no naufrágio do Titanic enquanto vinha para a inauguração do hotel. 
Esse é o East Block. 

Parliament Hill, o Centre Block ou prédio central. Sede do governo Canadense, construído entre 1859 e 1866, tem arquitetura gótica. O prédio também abriga a Biblioteca do Canadá. A torre principal tem 96 metros de altura e é chamada Peace Tower, construída em homenagem aos 65 mil canadenses mortos na Primeira Guerra Mundial. 
Alguém comentou comigo que o certo era eu estar com uma bandeira do Brasil no Canadá, e não uma bandeira do Canadá no Canadá. Eu nem cogitei a hipótese de circular com uma bandeira do Brasil. Enfim... Na hora do almoço fomos ao Rideau Centre, um shopping no número 50 da Rideau Street. 
Encontrei um lugar que tinha um buffet com arroz, frango e salada... Era isso que eu precisava comer! Estavam chamando aquilo ali de comida grega! Acho que por causa do tempero, tinha mesmo um ar mediterrâneo...
Servi um pouco de tudo que tinha. Deu uns 10 dólares. 

A luz refletida pela neve incomoda um pouco os olhos. Tinha umas pessoas pra lá e pra cá de óculos escuros e eu ainda tirava onda delas: "Ihh, o cara acha que tá em Copacabana!"
Brasileiros magnéticos, impossível andar sozinho no Canadá! Dois Gaúchos, um paulista, uma paranaense, uma mineira e um pernambucano. Perdidos em Ottawa.

Tim Hortons na 80 Rideau St. pra tomar um French Vanilla quentinho...


Letreiro de Ottawa na n°6 York Street, Byward Market. 


Aqui é o Bloco Langevin, um imóvel de escritórios em frente à Colina do Parlamento que abriga o Conselho Privado da Rainha para o Canadá e o gabinete pessoal do Primeiro-ministro do Canadá, juntamente ao seu gabinete no Bloco Central dos edifícios do Parlamento.
Passei pelo Byward Market 






E finalmente... BEAVERTAILS!!! Não se pode ir a Ottawa sem comer Beavertails!

É um tipo de pastry, uma massa em forma de cauda de castor com diversos sabores. Pedi um de chocolate. Foi caro, foi aproximadamente uns sete dólares!







Depois dos beavertails veio uma neve em flocos bem pequenos. Pausa para as fotos!








Depois passamos pela frente do Rideau Hall, residência oficial do premier do Canadá, o primeiro ministro Justin Trudeau.

Fui ouvindo rádio no celular. Aos poucos uma rádio saía do ar e eu tinha que localizar outra. Depois de um tempo as músicas e os anúncios deixaram de ser Inglês e começaram a ser em Francês. Esse momento foi doido, eu tinha saído da província de Ontario e estava na província de Quebec.

O caminho seguia cada vez mais nevado. 

CHEGANDO EM MONTREAL


Tudo escrito em Francês. Se escrito em Inglês já era legal demais, em Francês dá muita ideia de você estar completamente perdido num lugar estranho...

Chegamos no hotel Le Governeur na Rue de I'lle Charron, na ilha de Montreal. 

Um amigo brasileiro alugou uma cama só pra ele, éramos três brasileiros ali



O hotel era muito velho. Parecia no Brasil. O preço estava embutido no valor da excursão, então não havia porque reclamar. Era um hotel em Montreal e ponto final!


Saímos na sacada com camisetas. Era um frio incrível, não deu pra aguentar muito tempo. 




Um pouco de neve acumulada lá embaixo. Montreal à noite parece chamativa. 


O quarto do hotel era meio pequeno pra três caras. Como estava meio cedo na noite, eles deram a ideia de dar uma volta na cidade. Descemos, e eles entraram em um bar para tomar cerveja. 
No pub da foto borrada acima, um segurança pediu pra eu tirar a bandana... Eu ia tirar mas eu pensei "Sério? Eu preciso mesmo tirar a bandana?" A bandana faz parte da minha identidade, da minha vestimenta. Ia ser estranho me pedirem pra tirar as calças ou a camisa. Decidi deixar os amigos entrarem e fui perambular pela cidade. Dei muita sorte na verdade, porque vi um cara careca baixinho dando um soco num cara gigante, que caiu no chão como se tivesse morto. Fiquei boquiaberto junto com mais gente que estava olhando ali do lado de fora. Alguém explicou em francês, não deu pra entender nada. Alguém explicou em Inglês, não fez muito sentido. Aí uma santa alma falou em brasileirês mesmo, tudo fez sentido: O cara grandão mexeu com a mulher do baixinho, e tomou um socão na cara e caiu duro no chão. Aí chegou umas três viaturas de polícia e todo mundo saiu de perto. 

Fiquei caminhando pela noite até que um cara convidou a gente pra entrar num bar.
Era o Le Moose Garden na 1738 Rue Saint-Denis. Sentamos numa mesa redonda e alta e tomamos cerveja, olhando pra galera que entrava e saía. 





Ao nível do solo, Montreal era uma loucura. Andando um pouco pela rua começaram as sirenes de bombeiro pra lá e pra cá. Aí passaram umas viaturas de polícia. Teve uma hora que eu fui parar em uma viela com a parte de trás de um restaurante. Tinha um cozinheiro grande e sujo fumando, conversando com outro cara estranho. Dei meia volta. Tinha muito grafite nas paredes. 






Ouvert. Dá pra entender um pouco, vai? Essa era uma tabacaria onde tinha bebida pra vender. Depanneur Tabagie Variet no 1427 Rue Amherst. Mas não podia beber na rua. Comprei uma cerveja, coloquei num saco de papel e levei pro hotel. 

Depois das cervejas fomos para o Hotel, e dormimos.