2Aristóteles – Veja o pensador que é essencial para o início da Filosofia Ocidental. É básico para o Enem, o Encceja e os Vestibulares.
Aristóteles nasceu por volta de 384 a.C. na Macedônia, era filho de médico e foi para Atenas ainda jovem para estudar na Academia de Platão, quando este, já tinha seus sessenta e um anos. Após a morte de Platão Aristóteles fundou a sua própria escola, chamada: Liceu.
O pai de Aristóteles, Nicômaco, médico famoso, era um grande pesquisador da natureza. Dizem que Aristóteles herdou do pai o interesse e a curiosidade de estudar a natureza transformando este pensador em um apaixonado pela biologia.
Assim, Aristóteles se tornou o melhor aluno de Platão. Porém suas ideias discordavam das de Platão. Enquanto Platão via o mundo como uma cópia imperfeita das ideias, Aristóteles percebia que justamente, no mundo físico (mundo das coisas ou sensível) as mudanças que aqui ocorrem poderiam levar o homem a conhecer melhor o mundo em que vive.
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Essa perspectiva aristotélica se diferencia da platônica porque Platão concebia o mundo somente a partir das ideias imutáveis e perfeitas fazendo com que ele não aprofundasse sua visão filosófica para o mundo sensível;
Neste sentido, Aristóteles deu um passo a frente de Platão: ele percebeu a importância das ideias (razão), mas associou às ideias (razão) a observação do mundo natural, usando os seus cinco sentidos para investigar o mundo ao seu redor. Ele estudou: as aves, peixes e a natureza em geral.
Aristóteles também desenvolveu um modo diferente de escrever a sua obra filosófica. Diferente de Platão que imprimia uma escrita poética, a escrita aristotélica destacava-se por uma abordagem mais sistemática e técnica. Os historiadores comentam que Aristóteles escreveu cerca de cento e setenta trabalhos em diversas áreas, porém muitos se perderam e apenas quarenta e sete chegaram até nós.
Aristóteles também teria escrito para pessoas que não entendiam de filosofia, escrevendo assim em uma linguagem coloquial. Estes escritos que se perderam no tempo ficaram conhecidos como “Exotéricos”, escrito com “x”. Já os escrito que chegaram até nós são chamados de “Esotéricos”, escrito com “s” e são destinados aos estudiosos da filosofia.
Aristóteles contraria as ideias inatas de Platão
Como já vimos Platão achava que as ideias seriam mais reais que a própria realidade, ou seja, as ideias seriam tão perfeitas que o mundo real nunca seria perfeito como as ideias humanas. É bom que você entenda que as ideias que Platão tanto fala e a nossa razão. Assim, a razão seria algo inato para todos os seres humanos.
Mas, o que é algo inato? Algo inato, neste caso, a razão, significa que você já nasceu com ela e que ninguém te ensinou. Como assim? Simples, pense em um camundongo. Pensou? Então, o simples ato de pensar é inato e este pensar em si é uma ideia. Pois bem, Platão acreditava que esta ideia de camundongo era perfeita, portanto, inata.
Aristóteles discordava disso. Uma pintura feita pelo artista renascentista Rafael ilustra os principais nomes da filosofia grega. No centro da pintura encontra-se a representação de Platão (esquerda) e Aristóteles (direita). Platão aponta para cima, isso representa a sua filosofia, teórica e abstrata; Aristóteles aponta ao centro, isso significa que sua filosofia baseia-se na experiência (empiria) do mundo natural.
Deste modo, Aristóteles acreditava que a ideia de camundongo só era possível porque ao longo de nossas vidas teríamos contato com estes animais e o resultado deste contato, ou seja, dessa experiência produziria em nós a ideia de camundongo.
Isso significa que Aristóteles concorda que a “forma” do camundongo é imutável e eterno o que faz desta “forma” uma ideia. Porém a ideia de camundongo é o resultado do contato dos seres humanos com o animal. Assim o homem cria um conceito, ideia do que é um camundongo. Portanto é impossível para Aristóteles existir a ideia inata de camundongo para um homem antes de ele ter contanto com o animal.
Partindo deste principio, Aristóteles acreditava que todos os indivíduos são compostos por matéria e forma; A matéria e a forma considerava o pensador, são indissociáveis estando unidas no mundo natural. Por este motivo, somente o nosso intelecto, nossa ideia (abstração racional) teria a capacidade de separá-las. Assim, Aristóteles nos leva a “teoria do ser”.
Todo ser possui um “ato”, o “ato” é o ser em si mesmo. E todo ser possui uma “potencia”, por exemplo, uma semente. Em ato: a semente em si; em potencia: uma flor, uma árvore. Do mesmo modo todo ser possui uma “forma” em si mesmo, dando a este ser sua originalidade. A “forma” de um ser são as suas próprias características. Já, todo ser além de possuir uma “forma” possui também uma “substância”.
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A “substância” pode ser considerada o material que compõe o ser. Para ilustrar pensemos em um grilo. A “forma” do grilo é atribuída àquilo que todo grilo deveria fazer: pular e estridular (cantar de forma estridente). Mas quando um ser morre a sua “forma” deixa de existir, ficando apenas a sua “substância”. Portanto quando Aristóteles fala da “forma” de um ser, ele não está se referindo apenas a sua forma física, mas a todas as suas características que fazem de um ser, ser o que ele é.
A “substância” também limita a possibilidade de um ser vir a ser qualquer outra coisa. Pensemos em um diamante bruto. Imagine um ourives que recebe uma encomenda de fazer um pingente em forma de coração. Quando o ourives recebe a pedra para tratá-la, logo ele percebe as limitações que a própria pedra impõe ao artesão. Sim, o ourives gostaria de “tirar” do diamante um coração, mas percebe que em substância aquela pedra bruta de diamante não permite tal façanha.
Há ainda que se registrar que: Aristóteles também atribuía uma “causa material”, uma “causa eficiente”, uma “causa formal” e uma “causa final” para tudo o que existe na Terra.
Pensemos assim: em uma Olimpíada de Matemática o primeiro colocado ganha uma medalha de ouro que é entregue pelo idealizador deste evento. Causa formal: medalha de ouro; causa material: o ouro da medalha; Causa eficiente: o idealizador da Olimpíada de Matemática; Causa final: premiar com a medalha de ouro o vencedor da Olimpíada de Matemática.
Aristóteles também acreditava que a natureza se transforma, e ela se transforma porque tudo o que existe na Terra tem um objetivo, buscar a perfeição. Por isso, o filósofo dividia os seres existentes na natureza em dois grupos: “seres inanimados” e “seres animados’. Os “seres inanimados” seriam as plantas, as pedras, grãos de areia, gotas de água e etc. Para Aristóteles estes seres só conseguem transformar sua própria realidade se sofrerem a ação de agentes externos. Já os “seres animados” são aqueles seres que possuem em si mesmos a capacidade de transformar, como os animais e os homens. Os homens e animais são subdivisão do reino das criaturas vivas (seres animados).
Você deve estar se perguntando: mas e as plantas, não são seres vivos? Sim, elas são e Aristóteles sabia disso. Só que o filósofo também afirmava que esta categorização não era estanque e obedecia a certo principio de complexidade entre os seres. As plantas servem de alimento para animais; as plantas também servem de alimentos para os homens, que também se alimentam de animais; as plantas estão fixas, os animais se locomovem, os homens também; Porém o homem possui algo diferente de todos estes seres, o homem pensa.
Como imaginava Aristóteles, o mundo está sempre se transformando em busca da perfeição. Assim haveria uma força ordenadora, um primeiro motor capaz de geral tal propulsão capaz de levar a Terra e seus seres a se transformar. Este primeiro motor, esta força ordenadora, Aristóteles chamou de Deus.
Partindo deste principio Aristóteles acreditava que na Terra tudo seria imperfeito e buscava a perfeição. Usando a teoria de Empédocles (pré-socrático): todos os seres são formados a partir da mistura dos quatro elementos da natureza, mais os corpos celestiais.
O céu, onde se encontram os corpos celestiais seria perfeito e a substancia que comporia os corpos celestiais era o Éter por ser considerado uma substância incorrompível, puro, inalterável, sem peso e transparente. O que separa a Terra do céu é a Lua, segundo Aristóteles, sendo que a Terra seria o centro do Universo. Esta teoria influenciou a Igreja Católica séculos mais tarde, com os estudos de São Thomaz de Aquino no período da Idade Média na escola filosófica chamada de Escolástica, fortalecendo a teoria geocêntrica.
A política de Aristóteles
Assim como Sócrates e Platão, Aristóteles também não concordava com a democracia ateniense. Aristóteles apontava a existência de três formas de governos boas são elas: Monarquia, Aristocracia e Politéia. Do mesmo modo apontava três formas negativas de governo, são elas: Tirania; Oligarquia e Democracia.
Para este pensador: “o home é um animal político” (Zoon polítikon). Somos políticos porque vivemos em grupo e necessitamos de organização. Esta ideia esta muito colocada no conceito de cidade cunhado por Aristóteles que pregava ser mais importante conhecer quem são os cidadãos que compõe uma cidade do que saber da própria cidade. A reflexão é simples: diga quem são os moradores da cidade e saberemos o que é a cidade. Devemos pontuar que Aristóteles não fazia diferenciação entre a cidade e o campo incluído politicamente ambas as áreas como importantes na composição da política de uma Cidade-Estado.
Aristóteles aponta também a importância de nos fazermos cidadão. É cidadão aquele que participa da política local. Somente a participação na política poderia conduzir o homem à boa educação. Assim a política para Aristóteles era considerada a ciência mais importante entre todas as ciências, chamada de: Ciência Política.
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